quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Faltou luz em RP? É tudo (ou quase) culpa de um galho

por Daniel Gutierrez


CPFL culpa árvores pelas frequentes quedas de energia elétrica, mas admite que rede está desatualizada e promete melhoria, embora sem previsão.


Sai ano, entra ano, e os moradores das regiões Leste e Sudeste de Ribeirão Preto continuam sofrendo com um problema recorrente. Estamos falando da falta de energia elétrica que – basta armar tempo de chuva – surpreende a comunidade. Principalmente se o vento vier junto. A verdade é que, já em 2010, o contribuinte ainda corre riscos de perder equipamentos eletrônicos em razão do pisca-pisca e passar a noite à luz de velas, por necessidade, não por opção. Uma das razões para a ineficiência da rede elétrica é tão resolvível quanto indispensável na cidade. De acordo com a Companhia Paulista de Força e Luz – CPFL, responsável pela alimentação de energia elétrica na cidade, é por causa de algumas árvores que “acaba a força”.

Luis Carlos Valli, gerente da CPFL Regional de Ribeirão Preto explica que a arborização inadequada é uma das principais razões para os cortes de energia elétrica quando venta. “Quando ocorrem temporais, não só nesses bairros, mas na cidade toda, 90% das faltas de energia é por arborização, que toca na rede e acaba desligando o circuito.” Segundo ele, acontece o mesmo que nas residências, quando ocorre curto-circuito: para não haver maiores danos, o disjuntor derruba a corrente elétrica, por segurança. “Quando um raio, outdoor ou árvore atinge ou rompe um cabo, ele tem que cair no chão desligado.”

Neste caso, Ribeirão Preto possui árvores demais? Não, e o próprio gerente da Companhia endossa essa visão. Ele diz que a cidade precisa de mais verde. O problema, segundo ele, é que muitas árvores são plantadas inadequadamente. “Para plantio sob a rede de energia, são mudas que crescem no máximo 4m de altura. Estas não vão dar problema na rede, porque não chegam a tocá-la, e também não atingem as tubulações de água e esgoto, porque suas raízes não são tão profundas.”

Segundo Valli, a CPFL trabalha numa campanha ao mesmo tempo ambiental e de diminuição dos problemas com a energia elétrica: “Nós já doamos à Prefeitura Municipal de RP aproximadamente 8 mil mudas, e vamos continuar doando árvores adequadas para serem plantadas sob a rede.” Ele afirma que apenas plantar árvores corretamente ajuda, mas a poda das que foram plantadas incorretamente também é indispensável: “Já podamos mais de 40 mil árvores em Ribeirão Preto.”

Agora, as árvores que são nativas, ou seja, estavam lá antes de chegar a rede elétrica, ou até mesmo as que foram plantadas incorretamente e ainda não estão condenadas pela segurança pública, por lei ambiental não podem ser cortadas, isto é, desmatadas. E como o próprio gerente afirma, o serviço de poda precisa ser refeito de tempos em tempos, porque a árvore podada continua ali e outros galhos crescem, atingindo novamente a rede elétrica. Assim, o retrabalho acaba acontecendo, o que gera, além de gastos, a certeza de que o problema não foi resolvido permanentemente. É certo que é por segurança que a eletricidade é automaticamente cortada, mas a população dos bairros atingidos também não pode ficar sem energia a qualquer vento que sopre um galho na rede. Haveria então uma maneira de prevenir que houvesse os cortes de luz enquanto a situação das árvores não é permanentemente regularizada?

Segundo Luis Carlos Valli, sim. E esta solução tem um nome: rede compacta. “A gente tira aquela rede comum que se tem hoje – que são os fios nus – e coloca uma rede com os fios protegidos.” Estes cabos seriam mais imunes aos impactos sofridos durante ventanias e diminuiriam significativamente a quantidade de cortes momentâneos de luz, em comparação com o que se tem atualmente. Valli ainda afirma que a CPFL deve “agora, no início do ano, trocar todo o [cabeamento do] quadrilátero central da cidade.” Segundo ele, as redes novas de Ribeirão já são feitas com este tipo de cabos, mas 90% da cidade, inclusive as regiões Leste e Sudeste, ainda usa cabos nus – “a gente vai substituindo isto gradativamente”. O gerente da CPFL não possui uma previsão de quanto tempo deve levar até que a cidade tenha toda a rede atualizada.

Subestação Leão XIII dá conta, mas vai receber reforço

A Subestação Leão XIII, que fica na avenida de mesmo nome, no bairro Ribeirânia, foi reformada em 2003 e, desde então, tem potência de 51 megawatts, com capacidade para chegar a 80, conforme disse Luis Valli. Para ajudar a entender, 50 megawatts é potência suficiente para atender, em média, uma população 50 mil habitantes. O gerente afirma que entre fevereiro e março deste ano, deve ser instalada uma nova subestação no final da Avenida Professor João Fiúza, que deve auxiliar bairros das regiões Sul e Sudeste. “Vai até dar uma melhorada na qualidade da energia, (...) mas quanto à falta de energia ou ‘pisca’, recorrente de impactos na rede, não”, conclui Luis Carlos Valli, gerente da CPFL Regional de Ribeirão Preto.

Este texto será publicado na próxima edição do Jornal da Região Sudeste, que circula na região Sudeste (ah, vá!?) de Ribeirão.

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