quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A irmandade dos periquitos

Por Daniel Gutierrez

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E a Natureza não se cansa de nos dar lições de vida que são, na verdade verdadeiros tapas na cara.

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Eu chegava na Rádio hoje, às 6h50, e presenciei uma atitude que me fez respirar fundo e pensar com a inocência de um menino. 20 anos depois. Com um paco de jornais na mão, ouvi a gritaria de um bando de maritacas ou maracanãs, não sei, muito comuns aqui pelos lados da Unaerp. Elas voavam juntas, na mesma direção, fazendo revoada. Era como se montassem uma núvem. Percebi que atacavam algo.

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Depois disso, notei um gavião, bem maior que os periquitos, fugindo das investidas das dezenas a grasnar. Pensei, olhando pro alto feito um mané: quando esses pequenos estão ameaçados ou com medo, se juntam e lutam contra o predador. Quantos de nós, se presenciamos um roubo ou assalto, por exemplo, não viramos as costas e fingimos não ter visto?

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Tá faltando mesmo é a fraternidade dos periquitos.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Celebrando

por Daniel Gutierrez

Um cara legal, colega de sala na faculdade, conhecido há menos de um ano e aparentemente sem vícios descansava sob a sombra de uma árvore. De repente, ele tira do bolso da camisa um charuto. Em seguida, um isqueiro. Bota o 'cigarro' (em espanhol) na boca e acende.

Eu, que passava por perto, estranhando, cumprimentei.

"João! Bom dia!"

Ele respondeu.

"Bom dia, Bob."

Eu, ciente de que nunca o vira fumando, puxei assunto.

"Não sabia que você fumava. Pelo menos, nunca tinha visto..."

Ele: "E não fumo!"

Eu, já rindo: "Ah, não? E esse charuto faz o quê na sua boca? É pra espantar o Aedes Aegypti?"

Ele, tão piadista quanto eu: "¬¬."

Prosseguiu: "Esse charuto é um hábito que cultivo, Bob. É só pra ocasiões especiais."

Eu, curioso e festivo: "Hm. O que celebramos?"

João: "Faz um ano que parei de fumar."