por Dan Gutierrez
O vento sopra o chão de areia quente
a nuvem sobe e toma o ar
cobre o rosto do eremita que eu sou
O lenço protege das vergonhas
e dos venenos que eu nunca pôde respirar
mas que têm o cheiro que sempre quis sentir
Esta atração agora é traição
corrói lavouras de sentimentos
que a vida plantou e que cresceram por bem
É uma chuva ácida que cai
desta nuvem, que agora é de gafanhotos
de longe, bruma; de perto, farpas de pequi na goela
Não há ilusão nos olhos de quem vê
o que há é vontade de sentir na pele
e ver se passa logo esse vento que lixa
A boca, que fecha ao trombonar do vento
expressa em reticências o que vai por dentro
e tem por fetiche provar um futuro mais doce.
O quanto antes.