"Você sabe que devia ter ficado mais pra trás, né?"
No banco, que tem seis caixas-rápidos mas, dos quais, cinco permitem saque. Apesar disso, hoje, só UM tinha notas (de R$ 10 e R$ 20) pra saque. Um homem, de cerca de 40 anos, usa este único caixa disponível pra retirar dinheiro. Eu entro e começo a esperar pela minha vez. À minha frente, um senhor de prováveis 60 anos - ou pouco mais - é o próximo.
Assim que o rapaz termina de usar o caixa, uma senhora entra na agência e, vendo a fila em um único caixa, pergunta o que há com os outros. Eu, como já fiz inúmeras vezes, explico que só um dos caixas tem o serviço de saque disponível, provavelmente pra evitar que a "moda" atual de explodir caixas-rápidos dê muito dinheiro aos "adeptos".
Naturalmente, conforme o senhor que estava à minha frente ocupou o caixa, eu dei um passo à frente, pro lugar dele. Daí em diante, nada fiz que não fosse admirar o tempo passando, enquanto eu não podia usar o caixa.
Assim que o idoso livrou a boca do atendimento automático, avancei e comecei a usar. Enquanto inseria o cartão, notei que ele se aproximou. Pensei que estivesse checando se não tinha esquecido nada ali, quando ele me apontou o indicador em riste e disse.
"Você sabe que devia ter ficado mais pra trás, né?"
Eu, não entendendo, olhei pra trás de mim e vi duas senhoras esperando pelas suas vezes, igual eu estava logo antes. Soltei um "Oi?", querendo saber qual era o motivo da indagação do senhorzinho. Pra isso, ele me respondeu.
"Cê entendeu muito bem o que eu disse."
Fiquei atônito. Notei que a indagação era, na verdade, uma acusação! O tiozinho tava insinuando que eu o bisbilhotei enquanto ele fazia o saque dele. oO' Cara... Depois de sair daquela pausa que a Terra deu, eu só consegui responder "Não, eu não entendi do que o senhor tá me acusando", deixando bem claro que eu preferia não acreditar no que ele havia acabado de dizer.
Concordo que, nestes dias, a gente não pode confiar em ninguém. Concordo que o idoso lá provavelmente não me conhecia e, por isso, possa ter desconfiado. Mas sejamos razoáveis. Se eu to desconfiado que alguém teria coragem suficiente pra fazer o que ele insinuou, o que eu faria: guardaria o rosto da pessoa, tentaria descobrir o nome dela e prestaria atenção em qualquer baixa irregular que acontecesse na minha conta.
Por que raios eu acusaria, em público e pessoalmente, uma pessoa que pode ser perigosa?! O que eu ganharia com isso? Fico até agora sem entender o que se passou na cabeça daquele senhor. Por fim, existe uma reflexão que eu preciso fazer: vale a pena me insultar como aquele homem fez? Por sorte dele, ele desconfiou da pessoa errada. Se tivesse feito com a pessoa "certa", definitivamente estaria com motivos pra se preocupar. Por si mesmo, pela família dele, pelo dinheiro dele... Mas quem saiu abalado da situação fui eu. Ai, gente. hehe
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