por Daniel Gutierrez
Não é a toa que a maioria dos historiadores define a história em linhas do tempo. Nossa vida, que encerra toda uma história, pode ser também estirada assim... Afinal, tem começo, meio e fim, né? Tá certo, às vezes são vários começos, vários fins... Ora, bem como as estradas!
Pensa só: uma rodovia que segue seu caminho, de repente chega num trevo... dali surge uma outra estrada, que segue um outro caminho, com outras curvas, outros buracos, outras paradas... Assim é nossa vida: surge de outra vida (dos nossos pais), segue seus caminhos, tem seus problemas, suas mudanças... E viver, então, é guiar por esta estrada.
Há momentos da vida, em que a estrada faz curvas. O engraçado é que, na maioria destas “viradas”, a gente nem queria mudar de direção. Mas muda! E ai de nós, se não mudamos... Sair do asfalto é um perigo: a gente pode capotar e voltar pra estrada vai ser muito difícil. Nesses momentos de curva, diminuir a velocidade é interessante, porque aumenta a nossa estabilidade. E tem aqueles buracos chatos também... pra desviar – sem acabar com a suspensão – é preciso reduzir a velocidade, mais uma vez. Tem uns que mais parecem crateras: o negócio é parar e passar bem devagar por cima, ou fazer o contorno por fora. É chato, mas se a gente não faz assim, acaba parado no meio do caminho. E assim não pode ficar...
Tem horas que a estrada é duplicada e fica tranqüilo a gente andar... tem horas que ela afina, porque passa numa ponte, sobre um rio, riacho ou ribeirão. Tem uns pontos tão destruídos, que a saída é reformar mesmo... Aí, a companhia de rodagem, que cuida das rodovias, vai encher o trajeto de cones, máquinas, gente trabalhando pra melhorar a situação. Aí, tem horas que o asfalto simplesmente some e sobra aquele terreiro, sem conserto, e você tem que seguir. Vai deslizar? Vai. Vai sujar tudo? Oh, se vai. Mas segue, porque lá na frente o asfalto volta, a sinalização melhora e aí... ah, tudo vai bem.
Uma coisa legal sobre estradas é que elas sempre nos levam a algum lugar (mesmo que esse lugar seja “lugar nenhum”). Algumas passam por dentro de povoados, cidades, metrópoles, ou simples postos de beira de estrada. Outras passam por fora. O que muda nossa experiência vital nestas estradas? Ora, a intensidade com a qual você experimenta cada local: em alguns, o envolvimento é tão grande que a gente acaba parando pra curtir melhor o lugar. Mesmo que seja um simples posto de beira de estrada.
Em um determinado momento, vai sair de nós um braço de caminho, ou então vamos cruzar outras estradas, que podem gerar outras rodovias, grandes, pequenas, retas, sinuosas, largas, estreitas, tapetões, buraqueiras... São as outras vidas que geramos, ou que participam das nossas vidas: pais, irmãos, filhos, outros familiares, amigos... O importante é seguirmos nossa estrada, que um dia vai acabar, isso é fato. Mas até lá tem tanto asfalto...
Não costumo escrever autoajuda. Mas vai que preciso disso pra viver um dia...
A gente escreve para se convencer, como diz o Carpinejar, para seduzir.
ResponderExcluirGostei da estrada,é bem por aí, ou por alí, ou aqui mesmo.